A inseminação artificial (IA) em bovinos é uma técnica que tem sido aplicada com o objetivo de melhoria no ganho genético e na eficiência reprodutiva dos rebanhos. Para facilitar o uso da IA, desenvolveram-se protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), os quais promovem o controle do crescimento folicular e da ovulação e permitem a aplicação da IA em dias predeterminados, não sendo necessário a detecção de estro e elevando as taxas de prenhez.
A IATF traz inúmeros benefícios para as fazendas de cria. Além dos impactos econômicos diretos na cadeia de produção de corte e leite, ela evita a transmissão de doenças venéreas e beneficia o mercado com o aumento da produtividade através do acréscimo na quantidade e qualidade dos bezerros produzidos, permitindo melhor controle e melhor uniformidade do rebanho. As estratégias envolvidas na IATF têm como intuito alcançar os melhores ganhos genéticos e de produção, focando na melhoria das taxas de serviço e redução do intervalo entre partos.
Para garantir um melhor desempenho econômico e maiores taxas de prenhez, são constantemente desenvolvidas tecnologias para otimizar os benefícios do protocolos de IATF. A ressincronização da ovulação das fêmeas que, por algum motivo, não ficaram gestantes no primeiro protocolo é uma dessas tecnologias. Além da ressincronização convencional (mais conhecida), existem outros modelos de utilização da tecnologia:
Ressincronização convencional: iniciada no momento do diagnóstico de gestação, entre 28 e 32 após a IATF, dando início a uma nova sincronização apenas nos animais que não se tornaram gestantes da primeira inseminação. Através deste método, podemos realizar três inseminações com intervalo de 80 dias. É o método mais utilizado em nossa região hoje em dia (normalmente, utiliza-se de 1 inseminação, 1 ressincronização convencional e repasse com touro).
Ressincronização precoce: realizada em todas as fêmeas, independente de gestantes ou não, 22 dias após a IATF. No dia 30, todas as fêmeas passam pelo diagnóstico de gestação e somente as vazias seguem no protocolo de IATF, sendo inseminadas no dia 32. Este método permite realização de três inseminações com intervalo 64 dias. Algumas propriedades aderiram a essa tecnologia nos últimos 2 anos e vem trazendo bons resultados, principalmente a diminuição dos dias de estação de monta e aumento da eficiência reprodutiva das fazendas.
Ressincronização super precoce e ultra precoce: é necessário a utilização de ultrassom em modo Doppler para visualização de vascularização da estrutura responsável pela manutenção inicial da gestação (corpo lúteo). Ainda não é utilizada em nossa região, mas difundida no centro-oeste. Com essa tecnologia, fazendas altamente especializadas conseguem realizar 3 protocolos de IATF em até 48 dias de estação de monta.
É importante salientar que as ressincronizações são ferramentas para otimização de resultados nos protocolos de IATF, mas não excluem necessariamente o uso de touros nas fazendas. Muitas propriedades utilizam ressincronizações + repasse com touro. No entanto, algumas fazendas já vem implementando o uso de 100% de IATF sem o uso de touros, mas esse já é conteúdo para um texto futuro.