A endometrite é definida como a inflamação aguda ou crônica do endométrio uterino, frequentemente associada a uma infecção bacteriana ou fúngica, mas também pode ser desencadeada por causas não infecciosas, como a cobertura/inseminação, entrada de ar ou urina.
Entender a ameaça que essa condição representa é muito importante quando se trabalha com reprodução assistida. Sendo ela a principal causa de diminuição do índice de fertilidade e de reabsorção embrionária em éguas.
Na prática de campo podemos observar que algumas éguas são mais suscetíveis que outras a desenvolverem endometrite, principalmente pós cobertura.
Aquelas mais resistentes conseguem responder à invasão bacteriana rapidamente, eliminando a inflamação e a contaminação em poucas horas ou, no máximo, em até 48 horas após a cobertura. Já aquelas mais suscetíveis são incapazes de eliminar o processo inflamatório, seja por uma deficiência na conformação perineal, idade avançada, redução da atividade de limpeza miometrial e posição uterina com relação a cérvix que dificultam o fluxo e drenagem de fluídos.
Em alguns casos ela pode passar despercebida e notamos apenas retorno repetido ao cio ou até a morte embrionária, mas alguns sinais podem nos indicar a presença de endometrite, como:
- Presença de secreções pela comissura vulvar
- Útero flácido e com aumento de volume
- Presença de líquido intrauterino (áreas hipoecogênicas no US)
O diagnóstico da endometrite baseia-se em um exame ginecológico completo, que passou a incluir técnicas complementares como a citologia, cultura, biópsia e ultrassonografia como rotina.
Histórico reprodutivo
Sempre precisamos avaliar o grau de infertilidade dessa égua, por exemplo: duas temporadas sucessivas vazias são um indicativo sério de infertilidade. Junto a esse histórico devemos estar atentos a idade da égua, que é ainda mais importante que o número de crias, porque éguas a partir de 12 anos de idade podem apresentar endometrite crônica, o que dificulta o tratamento.
Inspeção
Fazer uma boa avaliação é de grande importância, a conformação perineal é um dos aspectos mais importantes da inspeção, com especial atenção à pneumovagina.
Éguas com pneumovagina (mal fechamento vulvar que proporciona a entrada de ar na vagina) geralmente têm inflamações uterinas, pois o defeito na conformação interfere nas barreiras que separam o ambiente uterino do externo, e muitas vezes é necessário fazer correção por vulvoplastia.
Citologia Endometrial
Esse é um método de baixo custo, fácil de ser realizado e que traz um diagnóstico rápido de processos inflamatórios, mesmo quando subclínicos.
Consiste no exame de um esfregaço corado a partir de um swab (ou escova, ou lavado) para identificar leucócitos polimorfonucleares (PMN), visto que a presença de PMNs indica um processo inflamatório do útero.
Cultura bacteriológica
Um ótimo aliado a citologia, pois além de identificarmos a presença de inflamação podemos indicar qual o agente patogênico e realizar um antibiograma para orientar de forma mais precisa o tratamento.
Biópsia endometrial
Faz uma avaliação histológica do endométrio, assim podemos detectar a presença de infecção aguda ou crônica e ainda se há degeneração endometrial.
Com o resultado classificamos a porcentagem de comprometimento glandular de com os Graus de Kenney que podem ser: G1, G2a, G2b e G3.
Um endométrio normal (G1) tem mais de 80% de chance de prenhez; G3, menos de 10%
Ultrassonografia
A mais prática e rápida pra quem acompanha a égua de forma assistida, ela nos traz achados muito importantes como:
- Líquido Intrauterino: Permite visualizar e quantificar a presença de fluido (secreção inflamatória), que pode ser relacionada ao grau de inflamação.
- Presença de ar: pontos hiperecoicos que indicam um problema de conformação vulvar
- Cistos Endometriais: Também podem ser detectados e estão relacionados à idade e endometrites crônicas.
Sendo uma prática muito importante no diagnóstico prévio para e seguida realizar às investigações com métodos laboratoriais.


Realizar um diagnóstico preciso nos ajuda na tomada de decisão de qual o melhor método de tratamento, entre eles podemos lançar mão de muitas técnicas:
Lavagens Uterinas: Promovem a limpeza física do endométrio , sendo suspensa quando o líquido retorna limpo e translúcido.
Antibióticos: Devem ser administrados localmente ou sistemicamente. A escolha deve ser baseada no antibiograma.
Agentes Ecbólicos (Ocitocina): Induzem a contratilidade miometrial, promovendo a limpeza física do endométrio. Muito utilizado após a inseminação, especialmente em éguas susceptíveis.
Infusão de Plasma Homólogo com Leucócitos: As opsoninas do plasma incrementam a fagocitose das bactérias pelos neutrófilos, reduzindo o processo inflamatório e auxiliando na eliminação das bactérias.
Ozonioterapia: A aplicação de ozônio no ambiente uterino (geralmente por insuflação direta de gás ozônio ou por infusão de solução/óleo ozonizado). Age através de diversos mecanismos benéficos: ação antimicrobiana, quebra de biofilme, melhora da resposta inflamatória e aumento da vascularidade endometrial (auxilia na regeneração celular).



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