AÇÕES QUE NÃO GERAM CUSTO, MAS TRAZEM RESULTADOS NO GERENCIAMENTO DA FAZENDA

Você sabia que, ao fazermos uma primeira avaliação da fazenda, já conseguimos enxergar algumas coisas que estão acontecendo nela só pela altura do pasto? Isso acontece pois muitos produtores esquecem de avaliar a lotação das áreas, o que compromete o desenvolvimento dos animais e, consequentemente, seu potencial produtivo e reprodutivo.

Dois conceitos básicos para o bom funcionamento de uma fazenda que o produtor deve dominar são: ajuste de lotação e altura de manejo de pasto. 

O ajuste de lotação é a quantidade de gado em quilos que cabem em determinada área para que todos tenham acesso a uma nutrição de qualidade. Isso depende de diversos fatores como: tipo de pasto, categoria do animal, clima, localização da fazenda e se há ou não suplementação para esse lote. Além disso, é importante considerar que as áreas a serem calculadas devem ser consideradas somente as úteis, ou seja, excluímos aqueles locais que o animal não tem acesso ao pasto, como lajeados (pedra), açudes, terrenos muito íngremes ou matas muito fechadas. 

O cálculo da lotação acontece em U.A./hectare (unidade animal por hectare) e, cada U.A. é considerada como 450 kg. Exemplo: na Coxilha Rica, em Lages, a lotação ideal para boa parte das áreas com somente campo nativo é de 0,3 UA/ha. Isso quer dizer que, se multiplicarmos por 450 kg, seriam 135 kg de gado por hectare que poderiam ser colocados nessas áreas para que todos tenham acesso à nutrição. Se convertermos para categoria animal, seria um terneiro de, mais ou menos 4 meses, por hectare ou, se focarmos em vacas de 450 kg, precisaríamos 3,33 hectares para alojar uma vaca. Já se estarmos com uma pastagem de inverno com aveia e azevém, por exemplo, podemos trabalhar com 1,5 UA/hectare, ou seja, 675 kg de gado (3 terneiros desmamados de 225 kg ou 1,5 vacas de 450 kg). Lembrando que esses valores são uma base, existem diversas variações, como períodos de seca prolongada. 

Na nossa região, muitos consideram a base de “40 cabeças/milhão”, ou seja, 40 cabeças em 100 hectares (1 milhão de metros quadrados). Mas devemos ter muito cuidado com essa conta, já que nem todas as cabeças têm o mesmo peso e comportamento alimentar (bois são diferentes de vacas que são diferentes de terneiros) e nem toda área é igual. Isso funcionava antigamente, quando a eficiência produtiva não era tão importante quanto atualmente, pois os produtores possuíam muito mais terras do que atualmente. 

Já a altura de manejo de pasto é um conceito complementar ao ajuste de lotação. Cada espécie de pastagem tem sua altura ideal. O conceito vem de diversas pesquisas científicas e prevê que, devemos trabalhar o pasto em uma altura ideal para que ele consiga se restabelecer, fazendo sua fotossíntese, mesmo após o consumo da parte aérea pelo animal. Aquela velha história que devemos “raspar” bem o pasto para melhor aproveitamento não funciona, já que não deixamos folha suficiente para que ele capte luz e brote novamente. Além disso, pastagens muito passadas (muito altas) também tornam-se fibrosas e o animal a evita. Dessa forma, precisamos trabalhar para que o gado tenha acesso a melhor parte do pasto, com maior valor protéico, o que pode ser feito através de sua medição. Alguns valores de pastagens muito utilizadas na serra catarinense estão a seguir:

A forma como será feito o pastejo do gado depende muito mais da altura do pasto do que do tempo de pastejo. É importante lembrar que, quem manda no pastejo é o gado e a planta, e não nós! Somos responsáveis somente por manejar da melhor forma possível para maior aproveitamento das áreas e maior sustentabilidade das nossas pastagens.

Tomando cuidado com esses dois conceitos básicos, já teremos muito resultado nas fazendas, sem precisar investir um real!

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